4 de março de 2013

Uma forma de dizer adeus.



Louis havia acabado de chegar em casa, notou que sua mãe havia deixado algumas correspondências encima da mesa e uma delas se dirigia a ele. Reconheceu aquela fina caligrafia no envelope que diziam: Para Louis. Sim, era ela, Cecily. Imediatamente pegou o envelope e foi até seu quarto sentindo uma certa urgência em ler aquela carta. Abriu o envelope e deparou-se com as seguintes palavras:

Um dia cheguei a acreditar que daríamos certo. Você me fez acreditar que estaria ao meu lado quando eu precisasse e quando não precisasse também, que me faria rir quando estivesse triste, que me abraçaria quando eu sentisse medo ou que me assistiria dormir só para provar a sua velha teoria de que eu não precisava de maquiagem e horas na frente do espelho para ser a menina mais linda que você já havia conhecido. Você fez com que eu me sentisse especial de todas as formas possíveis, fez com que eu me sentisse protegida toda as vezes que estive ao seu lado. Um dia você disse que certas coisas haviam sido feitas para dar certo, não importava o que acontecesse, você também disse que nós dois havíamos sido feitos um para o outro, por mais que tudo ao nosso redor resolvesse nos provar o contrário. Quanto clichê. Mas eu acreditei, achava incrível o seu poder de usar palavras bonitas a seu favor, quantas coisas mais você disse para me fazer acreditar que eu havia encontrado a pessoa com quem eu passaria o resto da minha vida? Fui uma jovem inconsequente cresci acreditando que contos de fadas funcionariam na vida real, lia livros de romances imaginando que aquele cara perfeito descrito naquelas páginas também poderia existir para mim, que eu esbarraria com o tal em uma tarde de sol e ele me convidaria para tomar um sorvete. Ah quanta imaginação não é mesmo? Você certamente iria dar boas risadas se eu tivesse contado isso a você. Você sabe, nunca fui daquelas que teve milhares de relacionamentos e com cada um aprendeu algo diferente, ou melhor, aprendeu a diferenciar um homem e um moleque. Eu era boba, talvez esse fosse o motivo pelo qual você conseguiu penetrar em meus pensamentos com todas aqueles discursos estranhamente planejados... Depois que você se foi, me perguntei qual seria sua real intenção, se você realmente me amou ou apenas quis provar a todos seu poder sobre uma garota ingênua, afinal você sabia que conseguia tudo com seu jeito doce e sua beleza estonteante. Por diversas vezes pensei em te procurar e tentar obter todas as respostas, mas ainda bem que alguma coisa sempre me impedia de cometer tal loucura, não valeria a pena, certamente esse ato impensável me machucaria mais ainda. Eu tentei a cada dia acordar mais forte, voltar a viver minha vida sem você, tentei retomar minha rotina, sair com os amigos que por algumas vezes deixei de lado para estar com você. Dediquei algumas horas do dia a acabar com todas as lembranças que você havia deixado espalhadas em cada canto do meu quarto, mas essas lembranças sem dúvidas seriam as mais fáceis de apagar. O pior seria tentar esquecer as lembranças que eu guardava na memória, porque todas as coisas me levavam exatamente aonde eu não queria ir. Eu tive que deletar todas as músicas que você um dia dedicou a mim, tive que evitar ir á lugares que fomos juntos e muitas outras coisas que hoje já nem faço questão de lembrar. Mas o motivo de estar escrevendo essa carta é para dizer que demorou, mas eu te esqueci. Hoje com meus vinte e quatro anos tenho a plena certeza ao dizer isso. Eu apenas precisei despejar todas essas lembranças neste papel para dar um fim em tudo, você sabe, depois do relacionamento ainda tivemos alguns encontros casuais e uma recaída que desejei não ter tido, me xinguei de todas as formas por isso, mas acho até que foi preciso, porque depois percebi que eu já não necessitava tanto de você assim. Os anos passaram e a vida foi generosa comigo me dando uma outra chance de ser feliz, encontrei alguém que me faz bem ao seu modo de ser, ele não é tão romântico como você era naquela época, não vive dizendo palavras doces e bonitas e nem me presenteia com minhas flores preferidas, mas seus gestos são sinceros, eu consigo sentir isso. E apesar de tudo eu desejo que você também encontre alguém que te faça ver o mundo de outra forma, que te ensine a amar de verdade e que te faça feliz. Certas coisas não foram feitas para dar certo e hoje tenho certeza que nosso relacionamento foi uma delas.

Cecily.

Louis leu a carta de Cecily com lágrimas nos olhos, ele sempre soube que deixá-la fora a maior burrada que havia cometido na vida, mas como tentar consertar o erro depois dessa carta de despedida? Será mesmo que ele um dia encontraria alguém que o fizesse mais feliz do que Cecily o havia feito? Bem, talvez ela nem soubesse desse fato, mas sim, Louis jamais fora tão feliz ao lado de alguém como foi com aquela mulher. Jamais.
Louis teria que enfrentar aquela dor em silêncio, nada que fizesse mudariam as coisas entre eles, o mais certo a fazer seria seguir a sua vida assim como Cecily estava fazendo. Desejava encontrar alguém com quem pudesse dividir uma nova vida, desejava ser diferente dessa vez. Mas ele seria, afinal Louis também não era mais um jovem inconseqüente de dezenove anos que um dia trocara a mulher de sua vida para curtir a vida. Ah se Louis pudesse apenas voltar no tempo, teria feito tudo diferente, talvez hoje ele estivesse ao lado de Cecily a fazendo a mulher mais feliz de todas.
- Ah Cecily se você soubesse... – Disse Louis ainda tentando assimilar as palavras contidas naquele papel.
Andou até seu armário tirando de lá uma caixa, dentro continha milhares de lembranças de uma época boa. Tudo o que havia sobrado de seu relacionamento com Cecily estava dentro daquela caixa. Fotos e alguns bilhetes antigos. Não se atreveu a tirar nada de dentro da caixa, não estava na mínima condição de reviver aquela história, de relembrar um erro imperdoável. Dobrou a carta e a devolveu ao envelope branco, deixando-o exatamente como havia recebido mais cedo e o guardou na caixa, colocando de volta no armário. Voltou a sentar-se na cama, o quarto estava apenas iluminado pelo abajur no criado mudo ao lado. Louis era o retrato perfeito da solidão, se perguntava como havia chegado nesse ponto.
Deitou-se de barriga para cima fitando o teto, rapidamente lembranças de seus momentos com Cecily invadiram seus pensamentos e Louis sentiu uma vontade incontrolável de chorar, mas suas lágrimas não seriam suficientes para tê-la de volta, nada seria.
Certas coisas não foram feitas para dar certo e hoje tenho certeza que nosso relacionamento foi uma delas.
A última frase daquela carta ecoava em sua mente.
- Adeus Cecily, desejo que você também seja feliz!
E em seguida adormeceu.






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3 comentários:

  1. Que carta/ texto mais belo. Só achei meio triste no final.
    Beijos <3

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  2. MEU DEEEEEUS! Adoro esse estilo!
    Cada vez que venho aqui no seu blog me surpreendo mais, tudo super fofo! Simplesmente amei!
    Parabens por tudo! ♥
    Grande beijo! e fica com Deus.

    http://agorasoulinda.blogpot.com.br/

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Vou amar ler todos os comentários postados aqui no blog, respondei todos assim que puder, agradeço sua visita :)


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